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O Mar Que Sinto Em Ti

Sento-me perto do mar, fica por perto, deixa-me estar sentir o murmurejar das ondas quando tocam a praia, quero aproveitar o sol que toca nas minhas mãos, sentir a brisa a esvoaçar nos teus cabelos feitos de mar, tocar a tuas mãos, saborear o sal que há em ti. Sinto o sorriso indeciso nos teus lábios, o calor da tua pele e passe o tempo que passar é sempre como da primeira vez, relembro uns olhos grandes e verdes como os campos, com reflexos flamejantes das águas. Fica, deixa-me ficarmais um pouco. O tempo já foge para nós mas, os teus dedos que entrelaças nos meus vão ficar como memórias de juras e promessas que não pudemos cumprir. Deixa-me respirar, absorver cada gota do teu cheiro a maresia e a conchas, adormecer entre as ondas largas dos teus longos cabelos , sentir-me embalar e ficar preso aqui, ficar simplesmente, sentir apenas, sentir este sopro de vida que existe em nós que nos transporta para além do que está aqui ao alcance das nossas mãos entrelaçadas e tu repousas enco

O Que Te Resta

A vida lembra-nos constantemente que é um ciclo constante e mutável entre estações, o dia e a noite, e tudo isso só para nos recordar da sua inconstância, das suas variantes mutabilidades continuas, e nós viajamos num corpo que assume estes ciclos como condição sua então como estamos? Confusos ou desanimados? A nós resta-nos a alternativa de aproveitar o que temos, e corremos contra o tempo, paramos o relógio e deixamo-nos ficar e voltamos a correr também nós criamos ciclos de conforto e o tempo passa e nós passamos mas, a vida tem voltas estranhas ou nós humanos é que somos estranhos e complicados, então olhamos à nossa volta e tudo se foi, nada ou quase nada existe... Tudo mas tudo se foi. Sentamo-nos então derrotados e tristes, vazios e cheios de mágoas, dançamos com os nossos fantasmas para apaziguar a consciência adormecer os nossos medos e de novo olhamos para trás vemos o grande livro da vida e lemos o que lá está escrito, uma espécie de diário de bordo olhamos o vazio qu

Sons na Noite

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      Abri a porta do quarto e os meus passos deslizaram como se flutuassem sobre o chão frio, e lá fui em direcção á janela. Encostei o rosto ao vidro, senti o frio e escutei a chuva lá fora. Abri-a eo vento trouxe a chuva de encontro ao meu rosto, o som das ondas inquietas e revoltas ao longe mas apesar disso quase podia absorver o seu cheiro a mar enquanto um comboio fugia desesperadamente da tempestade num rugido rouco e aflito. Aspirei com prazer a noite acendendo um cigarro partilhado com as gotículas de chuva que o vento generosamente me doava. "Será que o dia está longe?",pensei. Uns passos leves aproximaram-se enquanto um corpo quente se encostou a mim num abraço apertado, intenso, doce deixei-me estar, simplesmente estar em silêncio, não eram necessárias palavras. Afinal, as palavras por vezes só servem para complicar, cortar a magia dos silêncios, dos olhares mesmo do meu apesar de não a ver posso sentir o pulsar do seu corpo colado ao meu, a sua

O Rio Que Há Em Mim

Apesar da hora, cerca de 7 da manhã, dava para perceber que o dia seria quente e enquanto percorria a estrada de terra batida junto ao Sorraia, onde as suas águas sem parar entrelaçavam os seus eternos murmúrios com o trinado dos pássaros numa refrescante harmonia matinal. Continuei a andar observando a margem do lado de lá do rio, onde os campos que se perdiam de vista outrora viçosa verdejantes , ganhavam agora novas tonalidades alaranjadas com o aproximar do verão. Num jeito indolente mas ritmado, as águas do rio corriam em direcção ao Tejo por entre as vilas e as lezírias ribatejanas que o acolhiam entre as suas margens como num abraço. Caminhava lentamente tal como o sol subia no nesse céu tão azul, sentei-me num banco de pedra ao acaso deixando correr o tempo, as águas, as minhas emoções. Já tinha perdido tanta, mas tanta coisa, ficaram as mágoas que me acompanhavam como se fossem as minhas sombras. Tinha cada vez mais a noção da talvez inevitável falência dos meus olhos, prova

Eu Sou o que Eu Sou

Eu sou o Amor pelos meus filhos!, Eu sou o que os olhos já não vêm, Eu sou o que vejo pelas minhas mãos, Eu sou o que sinto, Eu reconheço-te pelo que és não pelo que aparentas ou queres fazer parecer, Eu sou a irreverência do mar, Eu sou a inquietação do vento, Eu sou a inconstância do sol, Eu sou a placidez da terra, Eu sou qualquer um, Eu sou o que eu sou, Sou um projecto inacabado de um escritor, um aprendiz de blogger,   as palavras encantam-me e jogar com elas seduz-me, exorciza os meus fantasmas, transmuta o negativo em positivo, Eu sou o que aprendo, Eu sou o que construo ou desconstruo, Eu sou Tu! És o meu espelho, eu sou o teu reflexo, Se gostares deste espaço fica pois és muito bem vindo, Se não gostares fica mas no blogue ao lado, Sou um livre pensador Eu sou um qualquer, jamais serei qualquer um, Eu sou o que eu sou Eu sou Célio Santana Tive pressa de nascer Tive pressa de viver, Andei sempre a mil, Um dia a vida chegou

Uma Bengala na Multidão

Os meus passos perdiam-se entre a multidão e os toques da minha bengala branca que como um detector de percursos e de obstáculos me fornecia todas as indicações necessárias para tornar o meu caminho o mais seguro e tranquilo possível. Andar em Lisboa, aprender aqui é mais fácil do ponto de vista da impessoalidade, somos apenas mais um na enorme multidão, a minha aprendizagem flui de forma mais física, a minha parte emocional não acusa qualquer constrangimento, qualquer incomodo que interfira ma minha concentração ou que gere   tensões acrescidas aquelas que já enfrentamos naturalmente e que advêm desta nova complexa e difícil condição de cegos. Os desafios são enormes, talvez mesmo gigantescos, do ver pouco ao não ver vai uma distância brutal, e no caso da mobilidade, uma das nossas maiores obsessões, passa a ser absolutamente necessário criar novos mapas mentais memo dos sítios ou percursos que antes conhecíamos tão bem mas, agora de pouco nos serve uma vez que na maioria dos caso